“Ei, vovô… Como estão as coisas aí no céu? Anda conversando bastante com Deus ou vive abraçadinho com a vovó? Anda sorrindo bastante? Olhando por mim? Acredito que sim. Sabe, eu parei pra pensar e vi que um ano sem o senhor é muito tempo. Sinto falta de tudo… Das brincadeiras, risadas, gracinhas e até dos seus roubos quando brincávamos de baralho, tá lembrado? É, eu me lembro de tudo… Inclusive de quando o senhor me chamava de ‘minha baianinha’ por causa daquele chapeuzinho que eu usava quando bebê. O tempo passa, as pessoas vão, mas a presença delas ainda permanece viva e a sua está, vovô… Não são um anos, dez anos, cinquenta anos que me farão esquecer de cada coisinha que foi importante e especial para mim. Não vou escrever muito, porque tudo que tenho que te dizer, falo depois, baixinho, apenas para eu e o senhor escutar, tudo bem assim? Sei que está. Mas não se esqueça o quanto eu te amo, vovô… Mesmo que hoje o senhor esteja longe de mim, mesmo que eu nunca mais possa te ver em vida, acredite, eu continuo te amando cada dia mais […] A vida me ensinou a dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração.”
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